Moçambique teve uma das maiores quedas no Índice Global de Paz, para a 122.ª posição em 163 países, devido ao terrorismo no país, enquanto Angola escalou 14 lugares, para 78.º, de acordo com o relatório agora publicado pelo Instituto de Economia e Paz (IEP). Ambos têm na governação os mesmos partidos desde a independência. FRELIMO e MPLA.
Moçambique caiu 11 lugares, a segunda queda mais alta no indicador de protecção e segurança, atrás apenas da Ucrânia, devido ao conflito no país com grupos terroristas, refere a análise do Instituto de Economia e Paz (IEP). Isto resultou num aumento do número de refugiados, de manifestações violentas e de terror político.
“No entanto, o impacto do terrorismo melhorou e as mortes por conflitos internos também reduziram”, notou o fundador e director do IEP, Steve Killelea, que atribuiu o progresso à colaboração de Maputo com o Ruanda e a Comunidade Africana de Desenvolvimento no combate ao Estado Islâmico.
A província de Cabo Delgado é rica em gás natural, mas aterrorizada desde 2017 por rebeldes armados, sendo alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico.
Há 784 mil deslocados internos devido ao conflito, de acordo com a Organização Internacional das Migrações (OIM), e cerca de 4.000 mortes, segundo o projecto de registo de conflitos ACLED.
Desde Julho de 2021, uma ofensiva das tropas governamentais com o apoio do Ruanda a que se juntou depois a Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) permitiu recuperar zonas onde havia presença de rebeldes, a norte, junto à Tanzânia, mas a fuga destes tem provocado novos ataques noutros distritos usados como passagem ou refúgio temporário.
Pelo contrário, Angola subiu 14 lugares no Índice para 78.º lugar devido a melhorias na redução de manifestações violentas, do impacto do terrorismo, e melhoria das percepções sobre a criminalidade, embora registe um forte custo económico da violência no país.
“Mostrou também um compromisso maior com o financiamento de [missões de] manutenção da paz e reduziu os gastos com as forças armadas como percentagem do PIB [Produto Interno Bruto] e importou menos armas”, salientou Killelea.
Dos restantes países lusófonos analisados, Timor-Leste manteve-se em 54.º lugar, a Guiné Equatorial desceu seis posições para a 59.ª e a Guiné-Bissau caiu nove para a 110.ª posição da lista de 163 países. O Brasil manteve-se no 130.º lugar.
O Índice Global de Paz, actualmente na 16.ª edição, faz uma análise sobre as tendências da paz, o valor económico e como desenvolver sociedades pacíficas, usando 23 indicadores qualitativos e quantitativos em três domínios: o nível de segurança e protecção social, a dimensão do conflito doméstico e internacional em curso, e o grau de militarização.
Já Portugal desceu uma posição no Índice Global de Paz de 2022, para sexto lugar entre 163 países, devido a um aumento da criminalidade e instabilidade política, segundo o relatório do IEP.
Islândia e Nova Zelândia mantêm os dois primeiros lugares, seguidos pela Irlanda, que subiu três posições, ultrapassando a Dinamarca e Portugal. A Áustria também melhorou, para a 5.º posição.
Steve Killelea desvalorizou a descida de Portugal, a qual atribuiu a “uma maior taxa de detenções, ligeiro aumento nas taxas de homicídio, um ligeiro aumento na instabilidade política e um ligeiro aumento nas percepções de criminalidade”.
O Afeganistão é o país menos pacífico do mundo pelo quinto ano consecutivo, seguido pelo Iémen, Síria, Rússia e Sudão do Sul, países que estão entre os dez piores nos últimos três anos.
Devido à guerra em curso, entre os cinco países com as maiores deteriorações na paz estão a Rússia e a Ucrânia, juntamente com a República da Guiné, Burkina Faso e Haiti, também palco de conflitos.
O relatório indica que o mundo já começou a recuperar da pandemia de Covid-19, mas que os efeitos ainda estão a ser sentidos, nomeadamente nos atrasos e problemas das cadeias de abastecimento, falta de produtos, preços mais elevados da energia e dos produtos alimentares.
O aumento da inflação, sobretudo na alimentação e combustíveis, “aumentou a insegurança alimentar e a instabilidade política globalmente, mas especialmente em regiões de baixa resiliência, como África Subsaariana, Sul da Ásia e Médio Oriente e Norte de África”, escreveram os autores.
“É nessas condições já instáveis que a Rússia lançou um ataque à Ucrânia em Fevereiro de 2022. O conflito só vai agravar ainda mais esses problemas. O conflito vai acelerar a inflação global, com as sanções ocidentais contribuindo ainda mais para a escassez e aumentos de preços”, prevêem.
Segundo o IEP, a paz piorou nos últimos catorze anos e, dos 163 países analisados no Índice, 84 registaram deterioração, enquanto 77 registaram melhorias e dois não registaram alteração.
O Índice Global de Paz, actualmente na 16ª edição, faz uma análise sobre as tendências da paz, o valor económico e como desenvolver sociedades pacíficas, usando 23 indicadores qualitativos e quantitativos em três domínios: o nível de segurança e protecção social, a dimensão do Conflito Doméstico e Internacional em Curso, e o grau de militarização.
Folha 8 com Lusa